no planeta,
neste exato momento,
milhões de pessoas
procuram asas
quando lhes falta
o chão...
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
domingo, 20 de novembro de 2011
paixão: cena 2 tomada 9
[num quarto qualquer
num espaço qualquer
silêncio]
mergulho
- de novo -
em teus olhos
pássaros em revoada
ventosas
tentáculos
espáduas em arco
nervosa boca
de afiada lâmina
a desenhar
em minhas costas
a cartografia
do teu desejo
embriago-me
na tua boca nervosa
traduzida
em noites insones
lençóis frios
de saudade
resta
o castigo
do sal cortante
de teus flancos
em ressaca
roupas
do avesso
em vigília
tribunal de excessos
diapasão
de copos
e corpos esquecidos
dentro dentro dentro
nós em novelo
labirinto sem fio
somente
tuas pernas
ponteiros
de bússola nervosa
esperando norte
esperando a fúria
da manhã seguinte
não há vertigem
que pague
nosso amor de sempre.
num espaço qualquer
silêncio]
mergulho
- de novo -
em teus olhos
pássaros em revoada
ventosas
tentáculos
espáduas em arco
nervosa boca
de afiada lâmina
a desenhar
em minhas costas
a cartografia
do teu desejo
embriago-me
na tua boca nervosa
traduzida
em noites insones
lençóis frios
de saudade
resta
o castigo
do sal cortante
de teus flancos
em ressaca
roupas
do avesso
em vigília
tribunal de excessos
diapasão
de copos
e corpos esquecidos
dentro dentro dentro
nós em novelo
labirinto sem fio
somente
tuas pernas
ponteiros
de bússola nervosa
esperando norte
esperando a fúria
da manhã seguinte
não há vertigem
que pague
nosso amor de sempre.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
abismo
lanço meu corpo
em sangue,
em saudade,
em notas frias de rodapé.
ao vazio,
ao escuro,
ao vácuo
nebuloso
da saudade.
e a morte,
sem recado,
antes da queda,
quer ainda torturar
com espinhos,
com lembranças,
com a faca seca
de um adeus.
lanço meu corpo,
na vertigem
do teu corpo,
da tua história,
do destino
encapsulado
e frio
de nós dois.
em sangue,
em saudade,
em notas frias de rodapé.
ao vazio,
ao escuro,
ao vácuo
nebuloso
da saudade.
e a morte,
sem recado,
antes da queda,
quer ainda torturar
com espinhos,
com lembranças,
com a faca seca
de um adeus.
lanço meu corpo,
na vertigem
do teu corpo,
da tua história,
do destino
encapsulado
e frio
de nós dois.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
GPS
GPS pra quê?
se a gente
quer mais
é se perder na vida!
felizes são
andorinhas
abelhas
borboletas
instinto
arquitetura
liberdade
se a gente
quer mais
é se perder na vida!
felizes são
andorinhas
abelhas
borboletas
instinto
arquitetura
liberdade
sábado, 27 de agosto de 2011
um bom vinho
é aquele que te traz inspiração até para escrever versos, é aquele que não estoura seu orçamento, e principalmente, que você não se arrependa no dia seguinte... como em quase tudo na vida o vinho a
gente acerta experimentando... mas na dúvida, os chilenos Casillero del Diablo, Santa Carolina e Luis
Felipe Edwards e Concha y Toro Reservado; os portugueses Periquita e Montado e o brasileiro Miolo Seleção são ótimas pedidas. encontrados em grandes hipermercados, são opções boas e acessíveis.
gente acerta experimentando... mas na dúvida, os chilenos Casillero del Diablo, Santa Carolina e Luis
Felipe Edwards e Concha y Toro Reservado; os portugueses Periquita e Montado e o brasileiro Miolo Seleção são ótimas pedidas. encontrados em grandes hipermercados, são opções boas e acessíveis.
Sísifo
no espelho,
milímetros
de barba
por fazer
lenta
é a volta
do ponteiro
menor
um giro
sobre
si mesmo
orbital
é a fuga
do pensamento
em você
dentro de casa
automóveis
de casca
em casca
brotamos
silenciosamente
de quando
em quando
nossos corpos
e almas
se encontram
num piscar
de olhos
numa barba
por fazer
numa volta
do ponteiro
a órbita
interminável
dos cometas
e de nossa fúria
em pedra
ar e fogo
no espelho...
milímetros
de barba
por fazer
lenta
é a volta
do ponteiro
menor
um giro
sobre
si mesmo
orbital
é a fuga
do pensamento
em você
dentro de casa
automóveis
de casca
em casca
brotamos
silenciosamente
de quando
em quando
nossos corpos
e almas
se encontram
num piscar
de olhos
numa barba
por fazer
numa volta
do ponteiro
a órbita
interminável
dos cometas
e de nossa fúria
em pedra
ar e fogo
no espelho...
sábado, 13 de agosto de 2011
pai
na foto
na memória
no espelho
na voz
na ausência
na sombra
no naufrágio
no barco
na terra firme
na lágrima
no suspiro
na paixão
na foto
na memória
no espelho
na memória
no espelho
na voz
na ausência
na sombra
no naufrágio
no barco
na terra firme
na lágrima
no suspiro
na paixão
na foto
na memória
no espelho
domingo, 7 de agosto de 2011
espelhos
músculos fatigados,
retinas em fuga,
um tremor, um sismo,
e o silêncio...
onde começa você
e onde eu termino
dentro da moldura?
em castelos, tendas,
derretem-se corpos,
na alquímica ilusão,
do nosso amor
em fúria.
retinas em fuga,
um tremor, um sismo,
e o silêncio...
onde começa você
e onde eu termino
dentro da moldura?
em castelos, tendas,
derretem-se corpos,
na alquímica ilusão,
do nosso amor
em fúria.
domingo, 3 de julho de 2011
luto
luto
contra o destino
contra o real
contra o desatino
contra o surreal
luto
é virar-se
do avesso
expor as entranhas
chorar
aos cântaros
luto
é uma luta vã
sem vencidos
sem perdedores
luto
é negro
como o abismo
do que não foi
do que não veio
luto
sempre
em busca de absolvição
das muitas faltas
de todo querer
inalcansável
luto
é triste
como uma morte lenta
pois dos crimes de paixão
não há culpados
somente vítimas
silenciosas
contra o destino
contra o real
contra o desatino
contra o surreal
luto
é virar-se
do avesso
expor as entranhas
chorar
aos cântaros
luto
é uma luta vã
sem vencidos
sem perdedores
luto
é negro
como o abismo
do que não foi
do que não veio
luto
sempre
em busca de absolvição
das muitas faltas
de todo querer
inalcansável
luto
é triste
como uma morte lenta
pois dos crimes de paixão
não há culpados
somente vítimas
silenciosas
sábado, 18 de junho de 2011
paixão, lado B, faixa 3
pra tropeçar no caminho
um sapato maior
pra esquecer uma paixão
uma paixão maior
pra reparar uma ferida
uma ferida maior
pra aliviar uma perda
uma perda maior
pra espantar um silêncio
um silêncio maior
pra expiar um pecado
um pecado maior
pra toda dor e sofrimento
o destino
é dos males o menor
um sapato maior
pra esquecer uma paixão
uma paixão maior
pra reparar uma ferida
uma ferida maior
pra aliviar uma perda
uma perda maior
pra espantar um silêncio
um silêncio maior
pra expiar um pecado
um pecado maior
pra toda dor e sofrimento
o destino
é dos males o menor
quinta-feira, 19 de maio de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
paixão, lado B, faixa 2
a paixão
não tem medida
onde começa?
onde termina?
trovoada repentina
choro no cinema
tombo inesperado
crise hipertensiva
roupas pelo chão
unhas roídas de ciúme
fome de madrugada
sem previsão do tempo
rascunho
manual
virose silenciosa
sem endereço
nem preço
nem destino
a paixão consome
os que ainda respiram
a brisa vertiginosa
da saudade.
não tem medida
onde começa?
onde termina?
trovoada repentina
choro no cinema
tombo inesperado
crise hipertensiva
roupas pelo chão
unhas roídas de ciúme
fome de madrugada
sem previsão do tempo
rascunho
manual
virose silenciosa
sem endereço
nem preço
nem destino
a paixão consome
os que ainda respiram
a brisa vertiginosa
da saudade.
domingo, 17 de abril de 2011
expertise
lembro teu corpo
antes
de um tempo
que não havia
cabelos brancos
nem brancos na memória.
lembro teu perfume
antes de uma luz
que não existia
o escuro da morte
nem norte
em que se agarrar.
lembro teu prazer
antes do espelho
que não refletia
corpos agonizantes
nem a tirania
de viver em plena fúria.
(08/05/2010)
domingo, 3 de abril de 2011
Teia (Orides Fontela)
A teia, não
mágica
mas arma, armadilha
a teia, não
morta
mas sensitiva, vivente
a teia, não
arte
mas trabalho, tensa
a teia, não
virgem
mas intensamente
prenhe:
no
centro
a aranha espera.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
brainstorm
contemplado abismo, adiantado tempo da queda, na palma da mão, por entre dedos - o silêncio - inebriado em rasgada bruma, perdido em tempo certo, distraído; a luz do teu rosto, o sabor da tua voz, - metamorfose - gelado vento em castigado rosto. nalgum lugar, esquecido, remontado cristal partido, que um dia num gemido, refletia nós dois. contemplado abismo...
sábado, 5 de março de 2011
sacrifício
esfacelo meu corpo
a saciar tua noite
teu desafiador encanto
de serpente.
em viva carne
invado
teu santuário
de tremores
e desespero.
sempre é último
o sacrifício
a enovelar o destino
solitário de teus olhos
de teus grandes e escuros olhos.
em que mergulho
sem pressa...
sem volta...
repousas meu corpo
em teu altar
de vertigem e trégua,
sem sangue
nem arrependimento.
sempre é último
o mergulho,
enovelado em teus olhos
teus grandes e escuros olhos.
em que me sacrifico
solitário.
sem pressa...
sem volta...
a saciar tua noite
teu desafiador encanto
de serpente.
em viva carne
invado
teu santuário
de tremores
e desespero.
sempre é último
o sacrifício
a enovelar o destino
solitário de teus olhos
de teus grandes e escuros olhos.
em que mergulho
sem pressa...
sem volta...
repousas meu corpo
em teu altar
de vertigem e trégua,
sem sangue
nem arrependimento.
sempre é último
o mergulho,
enovelado em teus olhos
teus grandes e escuros olhos.
em que me sacrifico
solitário.
sem pressa...
sem volta...
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de fevereiro de 2011
"o homem com a flor na boca"
o que é que só duas vezes na vida floresce,
que é metade infância,
que é metade distância?
que às vezes contida,
jorra da alma o perfume
que nomearam sorriso?
que arrancada sem capricho,
povoa os telhados
as latas de lixo?
que transformada
em ouro e porcelana,
reabilita, disfarça, engana?
que dá vida aos jardins
de acrílico indolor?
tão linda esta flor
que tenhos nas mãos,
regadas com lágrimas
e silêncio...
que é metade infância,
que é metade distância?
que às vezes contida,
jorra da alma o perfume
que nomearam sorriso?
que arrancada sem capricho,
povoa os telhados
as latas de lixo?
que transformada
em ouro e porcelana,
reabilita, disfarça, engana?
que dá vida aos jardins
de acrílico indolor?
tão linda esta flor
que tenhos nas mãos,
regadas com lágrimas
e silêncio...
sambinha despretensioso
vibra no bolso uma saudade
recado no computador
não há GPS que te encontre
nem menu que espante essa dor
mando sinais de fumaça
SOS em pleno mar
mando bilhetes na garrafa
torpedos no celular
na cidade que me engole
vou na saudade respirar
na memória do teu cheiro
solidão vai me matar
mando sinais de fumaça
SOS em pleno mar
mando bilhetes na garrafa
torpedos no celular
vibra no bolso uma vontade...
recado no computador
não há GPS que te encontre
nem menu que espante essa dor
mando sinais de fumaça
SOS em pleno mar
mando bilhetes na garrafa
torpedos no celular
na cidade que me engole
vou na saudade respirar
na memória do teu cheiro
solidão vai me matar
mando sinais de fumaça
SOS em pleno mar
mando bilhetes na garrafa
torpedos no celular
vibra no bolso uma vontade...
sábado, 5 de fevereiro de 2011
solidão
o vinho decanta
séculos
rubis pérolas medalhões
pilhagem noturna
sob os pés da vindima.
náufrago,
ébrio
esperança de tormenta
no peito aberto
de arpões e sangue fresco
não há nau
que escape do desatino
destino
macerado
entre os teus dedos
entre teus seios
embriagadamente
séculos
rubis pérolas medalhões
pilhagem noturna
sob os pés da vindima.
náufrago,
ébrio
esperança de tormenta
no peito aberto
de arpões e sangue fresco
não há nau
que escape do desatino
destino
macerado
entre os teus dedos
entre teus seios
embriagadamente
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
inventário II
lembranças -
esvaziando bolsos,
bolsas,
escaninhos -
redemoinhos ...
lembranças -
trôpegas,
respirando
com a ajuda
de aparelhos -
de estiagem,
de espinho ...
lembrança -
glacial,
estopim
sem centelha -
paralisada
numa folha seca
e vermelha.
esvaziando bolsos,
bolsas,
escaninhos -
redemoinhos ...
lembranças -
trôpegas,
respirando
com a ajuda
de aparelhos -
de estiagem,
de espinho ...
lembrança -
glacial,
estopim
sem centelha -
paralisada
numa folha seca
e vermelha.
domingo, 23 de janeiro de 2011
os animais carnívoros (fragmento) Herberto Helder/1968
Havia uma cidade em espanto linear a cavalo noutra cidade em geometria ambígua, um jardim era metade de outro, em que as pétalas andavam para trás e para diante, com o perfume trocado e o silêncio das cores tremendo no seu erro cheio de alvoroço florido, e os arquitectos disseram: é preciso um novo espaço para estas duas pessoas que estão a pensar tanto com o corpo - e numa casa abria-se a porta que vigiava os corredores onde o pólen se acendia e dançava, e de repente a porta descerrava o espectáculo antigo do nascimento da lua num quarto escuro, e via-se o que a lua sempre fez para trepar do soalho para o tecto pelas paredes docemente retardadas, era o tempo da seda entre os nossos vinte dedos embrulhados, e alguém escrevia à máquina num dos planos da intersecção urbana, e a frase escrita aparecia com o seu rumor externo noutro sítio, mas agora via-se no meio dela uma clareira de silêncio vivo, e ia-se aprendendo a nossa mútua nudez colocada no sentido da frase, nós éramos essa cidade tremendamente posta em uso, em toda a parte estavam mãos em vez de garfos e lâmpadas, e a frase era assim: o amor, as mãos ininterruptas.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
mergulho em teus olhos
mergulho em seus olhos,
como se última fosse a paisagem
pálpebras coreográficas
desmontados
em suor e lágrimas,
apontando o caminho da luz
e do sonho.
mergulho em teus olhos,
como se última fosse a mulher,
astrolábios,
língua a circular mamilos
rota de vergões a desenhar
tragédias
em minhas costas.
mergulho em teus olhos,
na tua fúria
de procura inominada,
que arrebenta nas pedras,
na praia,
no silêncio...
no silêncio gostoso do silêncio.
como se última fosse a paisagem
pálpebras coreográficas
desmontados
em suor e lágrimas,
apontando o caminho da luz
e do sonho.
mergulho em teus olhos,
como se última fosse a mulher,
astrolábios,
língua a circular mamilos
rota de vergões a desenhar
tragédias
em minhas costas.
mergulho em teus olhos,
na tua fúria
de procura inominada,
que arrebenta nas pedras,
na praia,
no silêncio...
no silêncio gostoso do silêncio.
domingo, 2 de janeiro de 2011
ressaca
trôpego,
junto nossos pedaços
sob móveis,
garrafas vazias,
espantadas peças de roupa.
catalogo
cheiros,
beijos, gemidos,
todas sorte
de álibis
e de sentidos.
junto nossos pedaços
sob móveis,
garrafas vazias,
espantadas peças de roupa.
catalogo
cheiros,
beijos, gemidos,
todas sorte
de álibis
e de sentidos.
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