domingo, 4 de março de 2012

teus dentes
rasgam minhas espáduas,
terreno de vincos,
sepultura de unhas e sustos.
rodamoinhos no centro
de tua barriga inquieta.
dedos,
calcanhares,
estátua assombrada
de mármore
e fruta mordida.
pés,
pernas,
ponteiros de história inacabada,
invadindo a escuridão
de suor e flores sem nome.
em minhas mãos
teu grito é insano
como um dicionário.
como lições de álgebra
e de tempestades.


teus dentes se despedem
na vertigem pueril da primeira queda,
do primeiro espanto de liberdade.
no veludo de teus ombros
cabelos em partitura...
e da indecisão de nossas pernas,
quase um ramalhete de gérberas,
réquiem de lágrimas perfumadas.

'Estilo' - Charles Bukowski

quinta-feira, 1 de março de 2012

simetria

meu abraço -
trapézio -
teus braços
paralelos...
o redondo perfeito
dos teus peitos.
dentro do redondo dentro,
o círculo perfeito,
mamilos em fúria.
pernas,
coxas,
ângulos retos...
umbigos
procurando centro.
- movimentos
uniformemente
variados -
do meu eixo perdido,
nalgum canto escuro.

teu abraço,
nossas pernas,
bissetriz.