[num quarto qualquer
num espaço qualquer
silêncio]
mergulho
- de novo -
em teus olhos
pássaros em revoada
ventosas
tentáculos
espáduas em arco
nervosa boca
de afiada lâmina
a desenhar
em minhas costas
a cartografia
do teu desejo
embriago-me
na tua boca nervosa
traduzida
em noites insones
lençóis frios
de saudade
resta
o castigo
do sal cortante
de teus flancos
em ressaca
roupas
do avesso
em vigília
tribunal de excessos
diapasão
de copos
e corpos esquecidos
dentro dentro dentro
nós em novelo
labirinto sem fio
somente
tuas pernas
ponteiros
de bússola nervosa
esperando norte
esperando a fúria
da manhã seguinte
não há vertigem
que pague
nosso amor de sempre.