sábado, 16 de junho de 2012

perco-me na ilusão do teu abraço. ilusão definitiva que alimenta. seduz. embriaga.
perco-me todos os dias no mesmo caminho. sem atalhos. sem sombras. sem dúvidas.
perco-me no infinito de teus olhos. bússola  apontando para o sul dos nossos umbigos.
perco-me em lágrimas e risos sem roteiro. em histórias de dormir. em sonho.
perco-me sempre na pedra morro acima. nas feridas do dorso nu. na tempestade.
perco-me dentro de ti . dentro de nós. dentro.
sempre.

sábado, 9 de junho de 2012

periferia não é margem
é centro
de outra margem
do outro lado do rio
do outro lado da sorte
periferia não é centro
é destino
outra paragem
não é morte
é desafio.
é terreno baldio
batendo vidro
cola e cerol
bola de gude
pião
pipa na laje
periferia não é margem
miragem
de um outro centro
onde reina a coragem
de ser feliz.

"CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO" CENA FINAL(PRAIA)

pêssego:
impossível deter
meus dentes
sem cheirá-lo,
sentir seu veludo,
até o suco escorrer
pela boca...
inebriando o ar
e meus sentidos,
perdidos,
no doce molhado
do teu gosto,
do teu cheiro:
relva molhada,
jasmins,
alfazemas...
tremendo no vento,
em meus braços,
na tua volúpia de fruta,
menina-flor.
esquecendo de nós,
de tantos e tantos nós.
num espasmo de calor
que não tem nome...
te vejo na primeira mordida,
no primeiro beijo,
no vinho que dorme
sob os espelhos,
sob teus grandes olhos!
o mundo girando
sob teus pés de cristal,
princesa que dorme
em garrafas,
bilhetes,
especiarias...
na perfeição de criatura
que habita o coração incauto,
da tempestade em meu peito,
silenciosamente sedutora
como pêssego maduro.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

sei de ti todos os caminhos.
teus atalhos,
teus desvios,
teus abismos.
sei de dentro de ti
todos os sentidos,
que cabem num abraço,
no descer de pálpebra,
no escuro da partida,
no sorriso da chegada.
sei de ti quase tudo,
quase nada.
assim,
fragmentado,
sutil,
verdadeiro.